sábado, 31 de dezembro de 2011

Sons deste 2011...

Em ano pessoalmente difícil, foram (também) os sons destes projectos que me permitiram, muitas vezes…continuar. O critério é o mesmo de outros anos, o alfabético. Aqui fica, para registo de memória futura. Adeus 2011.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Melodias que me fizeram...

Lilac Time - "The stars shine tonight"

I admire that point of view
But nothing is that simple
I couldn't live the way that you do
The opposite of sinful

But if the stars shine tonight
And chances are they might
Then the night won't seem so blind
When you come to mind

You really are a vestal girl
So proper and so pious
What pleasure do you get girl
From those that you deny us?

But if the stars shine tonight
And chances are they might
Then the night won't seem so blind
When you come to mind
You come to mind

She steps down from the bus
Like she gets into her bath
And how I wish I was
Getting in with her

You think you are immortal
That ash will not become you
But for anyone to survive you
There's something that I must undo

But if the stars shine tonight
And chances are they might
Then the night won't seem so blind
When you come to mind
You come to mind
Mind if I have some?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Presença


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade

sábado, 10 de dezembro de 2011

Como discordo com Caeiro!

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. Ambos existem; cada um como é."
A. Caeiro

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sopros de mudança

Swing of change é um pequeno filme que conta a estória redentora de um barbeiro racista, na América dos anos 30. Surge na forma de brilhante projecto de quatro estudantes franceses. O resto, só vendo...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Some Girls...


Girls na Casa da Música. Mais imagens aqui.

Ao ouvirmos o duo de San Francisco que compõe os Girls (BTW, nome muito pouco Google friendly) entramos no campo das sonoridades avulsas. Encontramos, com facilidade, acordes dos Eagles, Pink Floyd, Wire, Stone Roses, Led Zeppelin, The Who, etc. Esta ida ao baú de sons terá pouco a ver com uma qualquer homenagem que os Girls queiram fazer às bandas dos anos 60, 70 e 80. No facto de Christopher Owens ter sido criado dentro do culto Children of God, pode residir a explicação para a sonoridade dos seus trabalhos. Um conjunto de vivências negadas justifica sempre alguns comportamentos. E isto basta para muito mais do que a música. A sede de descoberta de canções de grupos "proscritos" pode justificar o som saudavelmente anacrónico que os Girls produzem. São já dois os trabalhos editados em formato de Long Play (nada como manter a coerência temporal da terminologia). Em 2009 dão a conhecer "Album" e, já este ano, "Father, Son, Holy Ghost" (sweet irony!). Em ambos os casos somos forçados a recordar nomes passados. Em ambos os casos concretizamos as teorias do arco temporal. No entanto, é com este seu disco mais recente, que a dupla Owens e Chet “JR” White, nos mostra a sua versão rock progressivo das mega-bandas de tempos idos. "Father, Son, Holy Ghost" é uma delícia de disco. Mais fácil que o anterior "Album", "Father, Son, Holy Ghost" reúne um conjunto de canções que não precisam de crescer em nós. São belas desde logo. Fáceis. Povoam-nas refrões e tiradas ultra-românticas ("How I can I say I love you? / Now that you’ve said I love you?", em Saying I Love You; ou “Nothing’s gonna get any better / If you don’t have a little hope / If you don’t have a little love / In your soul”, em Forgiveness) que se cantam e cantarolam sem enjoar. Bem pelo contrário. Constituem ainda espaço para a exorcização de sentimentos em reboliço: a sua relação com a mãe está sempre presente na lírica que emprega; ainda a tentar lidar com a estupidez de quem deixou morrer um filho em nome de uma seita que rejeitava o uso de medicamentos. Quando canta "I'm looking for meaning in life, and you my ma", Owens lembra o seu  sofrimento. Inquieto poeta
Foram estes rapazes, os Girls, que estiveram em palco no passado dia 30, na sala 2, da Casa da Música. Num eclesial palco, repleto de flores, a banda encerrou o seu giro europeu com alma e competência. Alimentados por uma bela colecção de almas conhecedora do que fazem, o grupo passeou-se pelos seus temas em bailados psicotrópicos desde sempre assumidos. Houve momentos de shoegazzing, solos, silêncios introspectivos, berros e cumplicidades. Tal qual como num concerto do século XX. "Some girls are bigger than others", ouvi eu um dia, ouvindo ainda, hoje e sempre. É verdade.


Alinhamento:

My Ma
Heartbreaker
Laura
Die
Honey Bunny
Love Like a River
Vomit
Lust For Life
Alex
Substance
Hellhole Ratrace
Broken Dreams Club
Morning Light

Magic
Saying I Love You
Darling
Forgiveness

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Palavras como imagens

As palavras, essas criaturas poderosas, vistas pelos olhos de Ji Leedesigner gráfico e director criativo ao serviço da Google. Um interessante ponto de vista.


Obrigado pela partilha, Carla.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Coisas que saúdo

Wintered Debts, um avanço de Paralytic Stalks que deverá sair no início de 2012. Of Montreal, claro.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Unthink and think

…liberdade para pensar...
Para os adeptos das redes sociais, mais uma surge no horizonte do mundo dos zeros e uns, capaz de fazer frente ao obscuro e desinteressante Facebook. Pelo menos na clareza de processos e de intenções. Trata-se da Unthink, uma rede para quem pensa diferente. Para "rebeldes", de acordo com a sua filosofia tão bem tratada graficamente.

sábado, 19 de novembro de 2011

3 em um

O estranho mundo dos Girls.


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

McCoy Tyner em Flor

Ontem levitei na terceira fila do Centro Cultural Vila Flor, (longe de amplificação audível, de onde estava, ouvi os instrumentos a cru. "Heaven, I'm in heaven, and..."), ao som da lenda McCoy Tyner (73, no seu BI), com ajudas de Chris Poter e José James. No contrabaixo, um enorme Gerald Cannon e na bateria, Joseph Farnsworth, por muitos considerado um dos top drummers de jazz do momento (conf. no vídeo, os mins. 6'30'' e 14'37''). Apetece-me ainda berrar "C'um camandro gago!". Foi muito assim:

terça-feira, 15 de novembro de 2011

We are unhappy


Nothing is better
Nothing is best.
We are unhappy
We are unblessed.
We are unfound.
We are unseen.
Nothing is coming.
Nothing is clean.
Earth it is shaking, people fled
and lord she is taking the eyes from the dead.
Demonised body, exorcised mind
pieces of kindness exchanged in kind.
Nothing is better.
Nothing is best.
We are unhappy.
We are unblessed.
Mind it is going.
Faith is destroyed.
It's emptiness showing god's cruelty deployed.
Lovers have left.
Friends close their eyes.
Children bereft.
We all are unwise.
Nothing is better.
Nothing is best.
We are unhappy.
We are unblessed.
We are unhappy.

Bonnie "Prince" Billie
"Wolfroy Goes to Town" (2011)

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Este senhor...

"Na casa d'Este senhor" é um caso sério de comicidade e ao mesmo tempo de apelo a valores como a tolerância e o direito à diferença (leitura não óbvia, mas possível :) ). E garante boas gargalhadas. O cinema neo-realista italiano em forma de realidade portuguesa. Passa na SIC Radical e tem o (não) patrocínio da incompreendida cerveja Tagus.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

chorar sem desgosto

Quantas vezes me fechei para chorar
na casa de banho da casa de minha avó
lavava os olhos com shampoo
e chorava
chorava por causa do shampoo
depois acabaram os shampoos
que faziam arder os olhos
no more tears disse Johnson & Johnson
as mães são filhas das filhas
e as filhas são mães das mães
uma mãe lava a cabeça da outra
e todas tem cabelos de crianças loiras
para chorar não podemos usar mais shampoo
e eu gostava de chorar a fio
e chorava
sem um desgosto sem uma dor sem um lenço
sem uma lágrima
fechada a chave na casa de banho
da casa da minha avo
onde além de mim só estava eu
também me fechava no guarda-vestidos
mas um guarda-vestidos não se pode fechar por dentro
nunca ninguém viu um vestido a chorar.

Adília Lopes

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Murmúrios ao vento

Quis ser estorninho e murmurar assim.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Coisas que saúdo

Isto sim, é uma boa notícia. Pequena amostra (outra) para aguçar apetites. Imperdível.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

iADN

Para os "novos bebés", com reajustado ADN,  uma revista é apenas um iPad que não funciona. Este vídeo, origem da expressão, é o confirmar da tese. Uma delícia.

domingo, 30 de outubro de 2011

sábado, 29 de outubro de 2011

Seventies revisited (again)

Tem rodado bastante desde hoje, data da sua descoberta. E vai continuar nos próximos dias. Girls com "Father, Son, Holy Ghost", um segundo trabalho que soa a final de prólogo e início de promissora carreira.

Melodias que me fizeram...

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Portugal. The Man

Habitam terras de Tio Sam mas dão pelo digno nome de Portugal. The Man. Assim. Exactamente. So American é um dos temas de In The Mountain In The Cloud, disco que acabo de mandar vir pelas imprevistas rotas da net. Um bela surpresa. Ou melhor, duas, se contarmos com o nome da banda.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rei de vários nomes, com palácios

Começo com palavras que não são minhas mas que gostava que fossem. Constam do folheto de apresentação distribuído antes do espectáculo e rezam assim:
"A atividade de um músico tem coisas em comum com a de um ator. Desenrola-se num palco, desperta a curiosidade do público e participa na construção de imaginários. Mas num aspeto distancia-se de forma fascinante: ao sobrepor, incessantemente, a ficção à realidade, e vice-versa. Por isso, descobrirmos na história da música popular tantas narrativas em forma de epopeia, tragédia, comédia ou novela. E, também por isso, os músicos encarnam tão bem o conceito de personagem."
A personagem é uma de várias. Trata-se de Will Oldham, paixão antiga. Mais uma. Descobri-o com Joya, talvez o trabalho mais conseguido deste cantautor que já criou sob os pseudónimos de Palace (Brothers, Music, Songs) e, ultimamente, Bonnie "Prince" Billie. Quis a fortuna e olho atento no canal 180, que estivéssemos ontem em espaço comum. Eu a deleitar-me a ouvi-lo e vê-lo. Ele a deleitar-se a tocar e cantar. Tudo isto no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Apareceu bem "penteado" e "barbeado", num registo visual que não é habitual. Passou por alguns, poucos, clássicos, como Teach Me To Bear You ou I See a Darkness (em versões bem diferentes das originais), mas deu particular atenção ao seu mais recente e belíssimo Wolfroy Goes to Town. Aqui, o brilhantismo de Black Captain, destacou-se. Céus, como é bela esta canção!
Fica para a estória um belo concerto com o senão dos silvos acrescentados à sua voz. Não entendo como se pode equalizar tão mal uma voz que, ao natural, não tem, nem precisa, de tantos agudos. Só isso e um temporal histórico, impediu este concerto de ter sido... quase perfeito. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Odisseias

O meu Top Ten para 2011 tem mais uma entrada garantida.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A outra televisão


O canal 180 é a televisão que muitos de nós gostaríamos de fazer. É um hino à estética. Às estéticas. Perdido na posição 180 do alinhamento da ZON, e desconhecido por muitos dos assinantes deste servidor, funciona por aqui como um espaço de tranquilidade e inspiração. Ou melhor, respiração. Torna a nossa vida ligeiramente mais bonita. Sem ruídos. Ainda que só por seis horas.
….
Também disponível para iPad.

domingo, 16 de outubro de 2011

Quando o passado vira presente

Ontem, em noite bem passada, de Verão em pleno Outono, fui a Vila do Conde (re)ver os Woodentops, banda da minha meninice que continua a agitar aqui os neurónios. Regressei ao passado, devidamente embalado por sons de Giant e do brutal Hypnobeat Live: os meus dezanove anos tinham já assistido, no saudoso Rock Rendezvous, a semelhante espectáculo. Passaram os anos mas a intenção e a alma continuam presentes. Os trejeitos de Rolo (parece o Jorge Palma mais magro) e a hipnótica batida de  Frank de Freitas.  Pena a restrita plateia. Poucos mas bons. No final vi a minha colecção de autógrafos aumentar e cumprimentei um Rolo McGinty absolutamente encharcado de suor pois mesmo perante pouca gente, todos eles deram o seu litro. Como sempre. E esse é o espírito que pretendem manter agora que se preparam para lançar novo disco. Venha ele.


Mais imagens aqui.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Meet Siri

…integrado no novo iPhone 4S. Um novo paradigma surge. O sonho Hal 9000 concretizado.

Lex Sed Dura Lex

Não me surpreendem estas palavras. Admiro a coragem de quem as produz e publica. Deo gratias. É que, nos últimos dias, tenho constatado bastante do que aqui está escrito. A esperança é que Jobs, agora ao lado do Criador, se torne seu anjo-conselheiro por forma a tornar a colocar o pólo sul, no sul, onde pertence. É que tem andado pelo norte. Ao contrário.
………………………

"Não admira que num país assim emerjam cavalgaduras, que chegam ao topo, dizendo ter formação, que nunca adquiriram, (Olá! camaradas Sócrates...Olá! Armando Vara...), que usem dinheiros públicos (fortunas escandalosas) para se promoverem pessoalmente face a um público acrítico, burro e embrutecido.
Este é um país em que a Câmara Municipal de Lisboa, em governação socialista, distribui casas de RENDA ECONÓMICA - mas não de construção económica - aos seus altos funcionários e jornalistas, em que estes últimos, em atitude de gratidão, passaram a esconder as verdadeiras notícias e passaram a "prostituir-se" na sua dignidade profissional, a troco de participar nos roubos de dinheiros públicos, destinados a gente carenciada, mas mais honesta que estes bandalhos. Em dado momento a actividade do jornalismo constituiu-se como O VERDADEIRO PODER. Só pela sua acção se sabia a verdade sobre os podres forjados pelos políticos e pelo poder judicial. Agora continua a ser o VERDADEIRO PODER mas senta-se à mesa dos corruptos e com eles partilha os despojos, rapando os ossos ao esqueleto deste povo burro e embrutecido.
Para garantir que vai continuar burro o grande "cavallia" (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades. Gente assim mal formada vai aceitar tudo, e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca. Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção.
Os portugueses, na sua infinita e pacata desordem existencial, acham tudo "normal" e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o que verdadeiramente se passou, nem quem são os criminosos ou quantos crimes houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços de enigma, peças do quebra-cabeças. E habituamo-nos a prescindir de apurar a verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma coisa normal em Portugal, e que este é um país onde as coisas importantes são "abafadas", como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogs, dos computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a Isaltino Morais, da Braga Parques ao grande empresário Bibi, das queixas tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados, muitos alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos? Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num parque aquático? Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico?
Quem se lembra que um dos raros condenados em Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia espalha rumores e indícios que não têm substância. E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu? E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns menores, onde tanta gente "importante" estava envolvida, o que aconteceu? Alguns até arranjaram cargos em organismos da UE.
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu. E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela reconheceu imensa gente "importante", jogadores de futebol, milionários, políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha. E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda, coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento. Ninguém quer saber a verdade.
Ou, pelo menos, tentar saber a verdade. Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as redes e os "senhores importantes" que abusaram, abusam e abusarão de crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa"
Clara Ferreira Alves - "Expresso"
(Obrigado, amigo)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

Estúpidos somos todos

Das inúmeras homenagens a Steve Jobs que tenho lido e visto, a do Colbert Report (Stephen Colbert) marcou-me mais, pelo que sorri. No habitual registo dado a graças, Colbert recorda o estranho efeito Apple nos seus utilizadores, e sintetiza o espírito prático de Jobs, ao mencionar um email que o próprio lhe enviou. Keep it simple, stupid  (KISS). Alguém, lá em cima, deve estar a rir-se.


sábado, 8 de outubro de 2011

Melodias que me fizeram...



Caetano Veloso - Só Vou Gostar De Quem Gosta De Mim

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Senhor Jobs (1955-2011)

Foto: www.apple.com

Talvez volte ao tema num futuro próximo. Para já fica o triste registo da partida de um dos mais brilhantes visionários que a humanidade conheceu. Escrevo num dos muitos produtos que a marca Apple criou. Mas Jobs era muito mais. A Apple é só a ponta de um iceberg na análise da importância deste senhor para aquilo que somos hoje e na forma como evoluímos. Talvez não como humanos mas em termos tecnológicos e funcionais. No meio do caos da vida moderna (sim, detesto a palavra) Jobs tornou-a mais "habitável" e era o mestre dos paradigmas. Jobs era a mordidela da maçã. A única. Nada será como dantes a partir de hoje.
Até um dia, Steve.

Notável e bem a propósito: o discurso de SJ na Universidade de Stanford.

A minha aula amanhã terá assunto interessante. Com vídeo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Coisas que saúdo


O que seria do bom gosto sem o Pingo Doce?

domingo, 2 de outubro de 2011

Melodias que me fizeram...

Homenagem, mais uma, também em jeito de dedicatória aos 44 do meu velho amigo, àqueles que serão uma "das"... (o que viesse aqui seria sempre toldado pela imensa paixão deste escriba e vai ficar desta forma) de sempre.

The Smiths - The Boy With A Thorn In His Side

The boy with the thorn in his side 
Behind the hatred there lies 
A murderous desire for love 
How can they look into my eyes 
And still they don't believe me ? 
How can they hear me say those words 
Still they don't believe me ? 
And if they don't believe me now 
Will they ever believe me ? 
And if they don't believe me now 
Will they ever, they ever, believe me ? 
Oh ... 

The boy with the thorn in his side 
Behind the hatred there lies 
A plundering desire for love 
How can they see the Love in our eyes 
And still they don't believe us ? 
And after all this time 
They don't want to believe us 
And if they don't believe us now 
Will they ever believe us ? 
And when you want to Live 
How do you start ? 
Where do you go ? 
Who do you need to know ? 

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

De cerejas e polícias

Mais uma voz portuguesa, no mínimo, interessante, que percorre caminhos sonoros pouco habituais na nossa produção musical. Chama-se Rita Braga, tem voz de veludo e toca Ukulele. Além do mais, tem álbum novo com um título quase tão bom como o conteúdo, "Cherries that went to the police". Um único lamento no clip: o ligeiro desacerto temporal entre a voz da senhora e o vídeo. Tudo o resto é absolutamente delicioso.


Mais, aqui.
Obrigado, Mili ;)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Horário do Fim




morre-se nada 
quando chega a vez 


é só um solavanco 
na estrada por onde já não vamos 


morre-se tudo 
quando não é o justo momento 


e não é nunca 
esse momento

Mia Couto

sábado, 24 de setembro de 2011

PorTUGAl à Bordalo

Tenho vindo a aprender muito com o "5 para a meia noite". Nesta mais recente série, as coisas tornam-se particularmente interessantes às sextas-feiras. Não tanto pela beleza da senhora (não lhe conheço o nome e não me apetece googlar por ele) mas sobretudo pelo conflito latente sempre que há convidadas (sim, aqui é mesmo o género que aponto). A (bela) condição feminina no seu melhor.
Ver uma entrevista do Nilton à "fénix" Futre (e o PF a entrevistar…embevecido?!!Hummm?!), foi outro momento revelador do potencial deste programa. E aprendi a ver no Nilton um interessante e cómico actor. É bom, este laitenaitechou…tuga.



(…sim, é o Nilton)

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Todos os amores morrem lembrados

Os R.E.M., adoração minha desde a sua já distante formação, terminaram. Todos os amores morrem. Neste caso, a força e inspiração entraram em registos de menor qualidade.  Andavam moribundos há um tempo. Antes assim.
Por aqui, manda o coração, todas as recordações e prazeres com a sua marca, que andem sempre em estado de "audição em loop". Para o resto da vida. Como só com alguns amores.

R.E.M. - Every Day Is Yours To Win

Arquipélagos de metáforas


"Os políticos que se dizem de esquerda, por ser o bom sítio de se ser político, estão sempre a afirmar que são de esquerda, não vá a gente esquecer-se ou julgar que mudaram de poiso. Mas dito isso, não é preciso ter de explicar de que sítio são os actos que a necessidade política os vai obrigando a praticar. Como os de direita, aliás, que é um lugar mais espinhoso. O que importa é dizerem onde instalaram a sua reputação, na ideia de que o nome é que dá a realidade às coisas. E se antes disso nos explicassem o que é isso de ser de esquerda ou de direita? Nós trabalhamos com papéis que não sabemos se têm cobertura, como no faz-de-conta infantil. Mas o que é curioso é que o comércio político funciona à mesma com os cheques sem cobertura. E ninguém tira a limpo esse abuso de confiança, para as cadeias existirem. Mas o homem é um ser fictício em todo o seu ser. E é precisa a morte para ele enfim ser verdadeiro."

Vergílio Ferreira

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Quando vier a Primavera


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma


Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.


Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.  
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

sábado, 17 de setembro de 2011

And angels never sleep

Talvez... Não sei. Talvez sim. Confundo-me quando me deito a ouvir... Talvez seja porque convida ao recolhimento e aí, alguma magia acontece. Quando ouvimos isto.

Ricardo Villalobos & Max Loderbauer - "Reblazhenstva"

terça-feira, 13 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Música por "geometrismos"

Neste vídeo, ao som de Telefon Tel Aviv (cada vez mais de audição presente, por aqui) a aplicação Partitura, um software que, qual pintor, elabora a ligação dos sons com imagens, apresenta o que de belo pode criar. No fundo, este programa é semelhante às "visualiações" acessíveis a partir do Windows Media Player, do iTunes e de tantos programas gestores de música. O que distingue Partitura é a forma como traduz os sons de uma forma visual, alicerçada por linhas móveis mas quase sempre horizontais, como se se tratassem de linhas de pauta. Muito bonito.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Melodias que me fizeram...

"boys are dying on these streets"...



Pavement - "Grounded"

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Também é pó cada palavra escrita


Não há-de te salvar o que deixaram
Escrito aqueles que o teu medo implora;
Não és os outros e encontras-te agora
No meio do labirinto que tramaram
Teus passos. Não te salva a agonia
De Jesus ou de Sócrates ou o forte
Siddharta de ouro que aceitou a morte
Naquele jardim, ao declinar o dia.
Também é pó cada palavra escrita
Por tua mão ou o verbo pronunciado
Pela boca. Não há pena no Fado
E a noite de Deus é infinita.
Tua matéria é o tempo, o incessante
Tempo. E és cada solitário instante.

              Jorge Luis Borges, in "A Moeda de Ferro"