segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Rei de vários nomes, com palácios

Começo com palavras que não são minhas mas que gostava que fossem. Constam do folheto de apresentação distribuído antes do espectáculo e rezam assim:
"A atividade de um músico tem coisas em comum com a de um ator. Desenrola-se num palco, desperta a curiosidade do público e participa na construção de imaginários. Mas num aspeto distancia-se de forma fascinante: ao sobrepor, incessantemente, a ficção à realidade, e vice-versa. Por isso, descobrirmos na história da música popular tantas narrativas em forma de epopeia, tragédia, comédia ou novela. E, também por isso, os músicos encarnam tão bem o conceito de personagem."
A personagem é uma de várias. Trata-se de Will Oldham, paixão antiga. Mais uma. Descobri-o com Joya, talvez o trabalho mais conseguido deste cantautor que já criou sob os pseudónimos de Palace (Brothers, Music, Songs) e, ultimamente, Bonnie "Prince" Billie. Quis a fortuna e olho atento no canal 180, que estivéssemos ontem em espaço comum. Eu a deleitar-me a ouvi-lo e vê-lo. Ele a deleitar-se a tocar e cantar. Tudo isto no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. Apareceu bem "penteado" e "barbeado", num registo visual que não é habitual. Passou por alguns, poucos, clássicos, como Teach Me To Bear You ou I See a Darkness (em versões bem diferentes das originais), mas deu particular atenção ao seu mais recente e belíssimo Wolfroy Goes to Town. Aqui, o brilhantismo de Black Captain, destacou-se. Céus, como é bela esta canção!
Fica para a estória um belo concerto com o senão dos silvos acrescentados à sua voz. Não entendo como se pode equalizar tão mal uma voz que, ao natural, não tem, nem precisa, de tantos agudos. Só isso e um temporal histórico, impediu este concerto de ter sido... quase perfeito. 

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