segunda-feira, 28 de julho de 2008

F é r i a s

Voltarei um dia destes. Até lá, quero só as coisas boas da vida. O mesmo que desejo a todos.

Music for my ears

Na preparação para ida de férias, há sempre umas horas destinadas para decidir o que levar de música. Hoje redescobri um dos discos da minha vida: Hallowed Ground (1984) dos longínquos Violent Femmes. Um regalo para os meus ouvidos que já há muito não tinham o prazer de ouvir os sons do projecto que tinha em Gordon Ganno o seu frontman. Os três primeiros trabalhos dos Violent Femmes são, todos eles, magníficos. Este, porém, é melhor do que os outros. Mas não sei explicar porquê pois têm sonoridades muito semelhantes, todos eles. Talvez neste trabalho note mais os sons do baixo; as repetições vocais de Gano; as súbitas mudanças de ritmo que sempre me fascinaram nos VF. Será um prazer levá-los a todos comigo para me darem música em fase de recarregar baterias.
Never Tell - Hallowed Ground

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Equívocos

João Pereira Coutinho, um dos melhores cronistas do reino, na sua crónica no "Expresso", a propósito de quem a história há-de, um dia, ser reescrita: Mário Soares.
"Purgatório 

Mário Soares

Guantánamo? Repito Talleyrand: é pior do que um crime; é um erro. Não é apenas a imoralidade do que ali se pratica que incomoda uma alma liberal. É, sobretudo, a inutilidade da coisa: em seis anos, os resultados foram pífios. Isto, que é dizer tudo, não chega para o dr. Mário Soares. Em conferência organizada pela Ordem dos Advogados, o dr. Soares resolveu subir um degrau e declarar Guantánamo tão infame quanto os campos de concentração nazis.

Verdade que o dr. Soares tem tido uma velhice assaz bizarra. Mas mesmo pelos padrões recentes do cavalheiro, a frase surpreende. Surpreende, desde logo, porque o dr. Soares não parece informado sobre o que foram os campos de concentração nazis: máquinas de extermínio que não procuravam extrair informação de suspeitos de terrorismo; pretendiam, simplesmente, liquidar os inimigos do Reich, sobretudo judeus, tarefa que a máquina cumpriu com arrepiante eficácia. Em Guantánamo, existirão trezentos indivíduos. Nos campos nazis, morreram seis milhões de judeus. Comparar Guantánamo a Auschwitz, por exemplo, talvez faça as delícias de um lunático. Não devia fazer as delícias do dr. Mário Soares.

Sobra a hipótese, altamente provável, de o dr. Soares ter cedido à hipérbole, perfeitamente consciente da natureza aberrante e até ofensiva da comparação. Mas, se assim é, lamenta-se que o dr. Soares considere Guantánamo "o caso mais nefasto de um atentado consciente aos direitos humanos em larga escala e sem perdão", esquecendo-se de outras pocilgas morais e humanas que transformam Guantánamo numa espécie de Clube Med. De repente, e assim só de cabeça, eu sou capaz de lembrar o Darfur. A Somália. O Zimbabwe. Os gangsters de Burma. Toda a Coreia do Norte. A Eritreia. A Guiné Equatorial. E, escusado será dizer, a prisão colectiva que está ao lado de Guantánamo e que não parece comover o humanismo do dr. Soares. Nenhum destes poisos está na mão dos americanos? Facto. Mas isso não devia ser motivo para o dr. Soares os discriminar."

My twenty cents for nothing

Leio e sorrio. Ainda hoje, a propósito de nada, tinha pensado na mancha urbanística típica das localidades norte-americanas:
"2) urbanismo: o urbanismo das cidades norte-americanas é sempre o reconhecido, fácil e aborrecido grid-plan, no qual as ruas e avenidas se intersectam perpendicularmente originando uma quadrícula ou uma grelha urbana ortogonal. Assim ninguém se perde, o que acredito que visto nesses termos possa ser uma vantagem."

terça-feira, 22 de julho de 2008

Chateia mas...

... vou começar a enviar mensagens (sms) sem acentos ou outros caracteres especiais. Já tinha dado por isso: envio uma mensagem com acentos e cedilhas e, em vez de uma, vão duas ou mais. A "falha" deve ser repartida pelo iPhone e pelos operadores que precisam de adaptar a especificidade do terminal à codificação gsm. Até acontecer, só por distracção seguirá um ~ ou um ^ ou mesmo um ç.
Mais informação aqui.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Mesh

A Microsoft (prefiro Microsofre, mas adiante) está a lançar, em fase pós-beta, um serviço de partilha de ficheiros, imagens e dados que parece ser interessante para quem utiliza os seus sistemas operativos (e não só: prevê macs!!). É uma espécie de MobileMe que a Apple tem já há anos (até há uns dias sob a designação .mac) e que permite uma plena integração/interacção de computadores, telefones móveis, PDA's, e outros gadgets que, ou já existem ou hão-de existir. Chama-se Mesh e está a aceitar pré-inscrições. Curiosamente, a minha conta hotmail é tão antiga que entrei no sistema sem necessitar de aprovação. Não hei-de fazer muito uso uma vez que fica bem distante daquilo que a conta MobileMe contempla, mas fica o conselho para que o serviço seja explorado e subscrito. Tem uma vantagem: para já é gratuito. Não há como fugir do conceito e mais tarde ou mais cedo toda a gente usará Meshs's ou similares. Não querendo (ou podendo, pois é desenhada sobretudo para mac users) ter a conta MobileMe, Mesh parece ser uma solução com futuro.

Clássicos da net

Carmen Habanera by Bobby Mc Ferrin & Aziza Mustafa Zadeh

domingo, 20 de julho de 2008

E por falar em SENHORES

Também porque o calor tem puxado, recupero sons de cuba que tanto  gozo me dão. Na história mais recente, falar de música cubana, é falar de Ibrahim Ferrer. Aqui está o grande senhor da música cubana que morreu tendo realizado alguns dos seus sonhos graças ao projecto Buena Vista Social Club de Ry Cooder. O documentário, pela mão de Wim Wenders continua a ser um exemplo perfeito do género e de visita recorrente. A vida, com tantos protagonistas/senhores, é sempre bela!
"Silencio"
Excerto de Buena Vista Social Club com I.Ferrer e Omara Portuondo

sábado, 19 de julho de 2008

Joe Petardo

Os portugueses sofrem do mal da memória curta. Só assim se explicam fenómenos como Santana Lopes, Avelino Ferreira Torres ou “Sousas Cintras”.  Joe Berardo, talvez por não ter nascido no continente; ou pela influência cultural americana que lhe talhou o carácter, na entrevista dada à revista Sábado da semana passada, muito ao seu estilo, demonstrou que esse mal não o afecta.

Por acaso até embirro com a figura (e muito!) mas soube-me bem ler o que li acerca do nosso Presidente da República porque é exactamente o que penso. Haja memória.

“A nossa economia está de rastos e ele é o grande culpado. Estava à frente do governo quando Portugal teve a oportunidade de se desenvolver com todo aquele dinheiro que vinha da comunidade europeia. E, quando a economia estava a crescer, criou aquele tabu...(...) ele é o grande responsável pelo martírio que os portugueses estão a passar agora”.

Revista Sábado nº219

Querem apostar que Cavaco Silva vai ser reeleito?!

P.S. É fácil ceder à tentação de pensar que o Centro Cultural de Belém, local de alojamento da colecção Berardo, foi obra de Cavaco. Pois foi. Mas é fundamental não nos esquecermos quem está a fazer o jeito à cultura portuguesa. Não é o estado português via CCB. É Joe Berardo. E convites para o empréstimo do seu espólio não lhe faltaram. Ou faltam.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Euroteiro

A mesma admiração que tenho por Rui Costa, tenho, mas ao contrário, por Luís Figo. Figo é um pesetero. Ponto final. Não tem os mesmos princípios do colega benfiquista. A sua dimensão humana está a anos-luz da de Rui Costa e da de gente "normal" no capítulo da sensatez, solidariedade e outras coisas boas. Alguns dirão que participa em muitas acções de benefeciência. É verdade. Têm é de ter cobertura mediática. Nestes eventos ganha muito mais do que dá: promove-se e vai aparecendo como benemérito. É simples e calculista. Vem de alguém que sempre geriu ao milímetro a sua carreira e imagem. Mesmo que, para isso, tivesse de passar por cima de contratos, pessoas, instituições, you name it.
Leio que a semana passada, numa gala organizada por Sir Bobby Robson para angariar fundos para o abrigo de crianças abandonadas, Aboim Ascenção, Figo deixou de aparecer e só avisou a minutos do evento ter início. Robson não deixou a coisa por menos: "deve estar em casa a contar o seu dinheiro". É de Sir!

P.A.L.A.V.R.A.S./L.E.T.R.A.S

Numa sociedade que vive cada vez mais de acrónimos (vulgo siglas, embora não seja exactamente o mesmo), deixo aqui um site extremamente útil e interessante. IMHO.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O que venho ouvindo

Tricky tem novo trabalho: Knowle West Boy. Voltou o guerreiro de rua. Desde o magnífico Maxinquae (1995) que não percebia em Tricky a capacidade de trabalhar, de formas tão deliciosamente complexas, tecituras melódicas, capazes de fundir harmoniosamente, Rock, Pop e Hip-Hop. Destaco dois temas: o de abertura, onde glosa à volta de acordes (5) de piano, ao bom estilo do Jazz (ao minuto 2.23 os acordes de piano fundem-se com a guitarra num dos melhores momentos do disco); e a faixa 8, intitulada Coalition, um exemplo de força dado por uma continuada malha de guitarra/baixo.
Deixo Poems, de Maxinquae, em versão YouTube e Knowle West Boy em versão Full Monty ;o)
Poems- Maxinquae
I confide to anything
So I have to hide from everything.
Everybody wants a piece of me.
Rinse the origin and cease to be
Sit back and let it happen,
Let us take your time away
I don't understand you.
I don't want your time of day.
If you're gonna walk, might as well walk your way,
Always walk the whole ways,
Forget the punk, I pack the funk.
I'm gonna take a piece of you.
Making money for good health, but first I learn to see myself (x2)
You've promised me poems (x3)
(Terry Hall)
I rue the day that I ever met you,
And deeply regret you getting close to me.
I cannot wait to deeply neglect you,
Deeply forget you, Jesus believe me,
You promised me poems.
You might have been my reason for livin'
I gave up ungivin', gave up everything.
We were a right pair of believers
A couple of dreamers, so how come
You hate me?
You promised me poems (x4).
(Martina)
Dreamed of ringing voices,
They contemplated choices.
Taste like a rare kiss,
To heighten my awareness.
With all fairness, greatness, with gratitude.
And simply rhymes with attitude
Now do promotion and TV, and ya still can't see. We
Down the hill cascade
And keep away the masquerade,
Dreamed of ringing voices,
And you promised me poems (x4)

sábado, 12 de julho de 2008

quinta-feira, 10 de julho de 2008

(suspiro)

(Mesmo a preços indecentes, o amanhã nunca mais chega!)

O que venho ouvindo

Recordo Beck e Loser, primeiro single de Mellow Gold, álbum que entrou já na adolescência (1994). Loser nasce de uma tentativa falhada de Beck: o rap fascinava-o e tentou improvisar umas quantas rimas. Como não gostou do resultado final, começou a brincar com o facto de se considerar um loser (falhado). Doce ironia do destino!

A história da música contemporânea também é feita destes acasos que resultam num produto final melhor que a intenção inicial. Com novo trabalho à porta (Modern Guilt), ouvir e relembrar Beck é homenagear um dos mais multifacetados músicos da actualidade e uma forma de melhor percebermos as nuaces melódicas e de estilo que, inevitavelmente, farão a breve trecho, parte do mainstream. Beck é gente com "vistas largas" que não se importa de apontar caminhos. Ouça-se Loser.

A couple of weirdos, that's what they are

"Um grupo de ambientalistas decidiu acampar na rua para serem os primeiros a comprar o novo iPhone 3G. Com a iniciativa pretendem convencer o próximo Presidente a transformar os jardins da Casa Branca numa quinta orgânica." (Expresso online)
Também eu anseio pelo iPhone 3G (6-feira...está quase), mas isto é demais!

terça-feira, 8 de julho de 2008

Mais do mesmo?

O Benfica contrata como se fosse à Champions. Se calhar vai. Se calhar já sabem, mas nós não.

Se assim não for, Rui Costa está, basicamente, a fazer o que fizeram todos os seus antecessores, o que não abona em favor da figura. Nem do clube, que não me parece precisar, mais uma vez, desta onda maciça de entradas e saídas.

Falcão da noite II

Ainda a propósito de Nighthawks at the diner, leio:

"Jim Hughart, who played upright bass on the recordings recalled the experience of preparing for and recording the album:

Preparing for this thing, we had to memorize all this stuff, 'cause Waits had nothing on paper. So ultimately, we spent four or five days in a rehearsal studio going over this stuff. And that was drudgery. But when we did actually get it all prepared and go and record, that was the fastest two days of recording I've ever spent in my life. It was so fun. Some of the tunes were not what you'd call jazz tunes, but for the most part that was like a jazz record. This was a jazz band. Bill Goodwin was a drummer who was associated with Phil Woods for years. Pete Christlieb is one of the best jazz tenor players who ever lived. And my old friend, Mike Melvoin, played piano. There's a good reason why it was accepted as a jazz record."

(via Wikipedia)

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Falcão da noite

O que mais me fascina em Nighthawks at the diner (1975), álbum da fase mais Jazzy de Tom Waits, é tudo aquilo que se ouve: o bafo a Whisky misturado com fumo, o café, o patchouli...
"Eggs and Sausage"
(Click to play. Fiquei a saber que se podem restringir vídeos, no Youtube!)
O CD ostenta ainda a esquecida tag AAD  dos primeiros discos dourados (tenho-o também em vinil, felizmente). Ninguém lhe pega para uma edição remasterizada. É pena. Aqui, para quem quiser. (experimentemos a "partilha" de álbums integrais. Vá de retro, ASAE!)

"Falo por experiência"

“Aos oitenta anos, sonha-se quando se pensa.”

José Saramago para Mia Couto, a propósito de uma personagem de Venenos de Deus, Remédios do Diabo, livro mais recente deste último autor.

Mia Couto, ao pensar uma das suas personagens, fá-la dizer que "Aos oitenta só pensamos quando dormimos". Pôs-se a jeito e Saramago não dorme. Já sonha.

A oculta inteligência do corpo

"Há uma inteligência do corpo que eu descurei, tão inimigos somos. O corpo não é apenas uma figura estética mas também uma entidade orgânica e somática. E tem uma inteligência que eu nem sequer conhecia."
Lido em Estado Civil by Pedro Mexia

domingo, 6 de julho de 2008

Massagem

Com dois seixos aquecidos e uma toalha, pode fazer-se uma bela massagem na zona cervical.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Pontos nos is

"Há gente que pretende fazer uma omeleta ortográfica a toda a pressa. Mas não quer que se veja que os ovos estão de todo impróprios para consumo e muito menos analisar o estado em que eles se encontram."
Vasco Graça Moura, "Diário de Notícias", 02-07-200

Here

Acompanho os Pavement desde 1992, data do início de actividade da banda. Fi-lo, com particular gosto e interesse, até 1999, altura em que deram por terminado o projecto. Atípicos, no início maus músicos, com composições sofríveis mas com algo de estranho que fazia com que idolatrasse os trabalhos da banda. Era uma amusicalidade, um tom lo-fi, que sempre me fascinou e ainda hoje o faz. Tenho quase toda a sua discografia. Em 23 álbuns editados faltar-me-ão alguns EP's. É sempre bom passar uma noite, como a de hoje, na companhia da voz de Malkmus e seus amigos.
Recupero "Here" de Slanted & Enchanted, álbum de 1992. Poucas faixas serão tão mal tocadas mas, ainda assim, tão belas, como esta.
"I was dressed for success, but success it never comes"

I was dressed for success

but success it never comes

and i'm the only one who laughs

at your jokes when they are so bad

and your jokes are always bad

but they're not as bad as this

come join us in a prayer

we'll be waiting waiting where

everything's ending here

and all the sterile striking it defends

an empty dock you cast away

and rain upon your forehead

where the mist's for hire if it's just too clear

let's spend our last quarterstance randomly

go down to the outlet once again

painted portraits of minions & slaves

crotch mavens and one act plays

are they the only ones who laugh?

at the jokes when they are so bad

and the jokes they're always bad

but they're not as bad as this

come join us in a prayer

we'll be waiting waiting where

everything's ending here

and all the spanish candles unsold

away have gone to this

and a "run-on piece of mount on"

trembles, shivers, runs down the freeway

i guess she spent her last quarter randomly

i guess a guess is the best i'll do

last time last time

was the best time...

we spent randomly

Ah leão!

Gosto de ver o Carlos Martins no Benfica e desejo-lhe sorte. Se não regressar com vontade de retomar  as saídas e passeios com objectivos etílicos, será um grande reforço para os das bandas do Estádio da Luz. Sorte, leão.

Father and son

Q. What causes the wind? A. Trees sneezing.
ou ainda
Q. How come you know so much? A. It's all in the book you get when you become a father.
Retirado de Quotes, a propósito de Ask Calvin's Dad (sim, do Calvin & Hobbes)