domingo, 2 de novembro de 2008

Eleições americanas: 2+2=5

Cartoon de Rob Tornoe

Os cidadãos norte-americanos irão escolher daqui a poucas horas o seu próximo presidente. Este processo deveria dizer respeito aos protagonistas candidatos e seus concidadãos. Somente a estes. Infelizmente não diz. A totalidade da humanidade, queira ou não, vai sofrer as consequências de um processo eleitoral (normalmente pouco claro) que já teve consequências bem graves, no passado. A eleição deste senhor que se passeia ainda na Sala Oval, é a mais recente.

A concurso temos duas personagens bem diferentes. McCain encarna o verdadeiro espírito americano: heróico, de boas famílias, casado com uma Barbie de carne e osso. Obama, por outro lado, encarna a fuga ao paradigma. A sua condição de afro-americano torna-o especial. É o verdadeiro American dream come true. Curiosamente, aquilo que deveria ser a sua principal força será, a meu ver, a sua perdição. As minorias que se revêem em Obama serão as que respondem às sondagens mas não são as que votam. Quem irá votar, independentemente do que quer que seja ou aconteça, é o redneck típico e o vizinho do subúrbio. Aquele que não pensa em Obama mas em Hussein. Aquele que se lembra dos anos de tortura de John McCain ( e foram cinco, no Vietnam) e não consegue deixar de ver nele o americano modelo entronizado por décadas de cultura baseada em media ultra agressivos e decisivos na formação das opiniões. Quem vai votar em McCain são os cínicos da NRA (National Rifle Association) pois não querem ver um país desarmado e à mercê dos mexicanos, cubanos e negros que não se sentem americanos. McCain terá o voto dos que continuam a apostar na força do petróleo e não vêem com bons olhos estas “modernices das energias alternativas”. McCain tem o apoio explícito dos grandes grupos económicos que vêem em Obama uma grande incógnita. Por isso McCain será o próximo presidente dos Estados Unidos da América. O que é uma pena.

Não sou dos que vê em Obama um candidato sem defeitos, quase perfeito, como o vê de forma quase unânime a comunidade internacional. Julgo até que há ali um Mr. Hide que se poderia revelar com a sua eleição. Depois, a sua Michelle não ajuda. Por mais que tente, a senhora não consegue esconder algum ressabiamento racial que se poderia revelar pernicioso num quadro de aumento de tensões raciais. Nem é tanto o facto de ter personalidade forte que joga contra o seu marido. Pelo contrário, Clinton teve Hillary e foi um dos melhores presidentes americanos da história moderna. Michelle prejudica Obama quando, aparecendo, não consegue disfarçar sentimentos (justos, muitos deles) que trazem ao de cima todo um conjunto de memórias colectivas escondidas no subconsciente do americano comum. Para piorar o quadro, McCain tem a perfeita antítese de Michelle como candidata a vice-presidente, Sarah Pallin. Este contraponto também vai fazer a diferença.

Se fosse americano, e apesar das reservas, votaria Obama. Não sendo, vou observar atento o continuar de toda uma lógica que dificilmente se quebraria agora. O mundo pode andar louco mas não tanto que aceite um Barack Hussein Obama para presidir aos destinos da maior superpotência mundial.

5 comentários:

Clarice disse...

O meu voto iria com toda a certeza para Obama, se fosse amAricana, acho-o também especial nesta corrida! E também acho especial não existir ao lado deste cantidato "uma Barbie de carne e osso"... Complica-me com os nervos o Sr.McCain a falar e lá atrás aquela loira a rir-se daquela maneira, não acho normal, ou até acho, não sei.

Carlos Lopes disse...

Não partilho das tuas certezas quanto ao resultado final. Acho que Obama vai mesmo ganhar. E espero que passe toda esta febre eleitoral que já me chateia. Já não suporto ouvir falar das eleições dos gringos das américas.

Que ganhe o afro, pois claro. O McCain tem braços de marionetas ;-)

Jorge A. Roque disse...

Carlos, Isto são certezas de totoloto... Contrariam toda a lógica das sondagens e tudo o mais. Mas é o que penso. Gostva que Obama fosse o vencedor mas acho que falta ainda um bocado para que isso seja possível.

Jorge A. Roque disse...

Clarice, concordo contigo. É irritante sim senhor. E a candidatura republicana tem duas espécies de Barbies... Mas tb por isso, na hora da verdade, a forma de voatação dos americanos vai levar em linha de conta estas duas senhoras. Infelizmente.

Clarice disse...

Obaaaaaaaama!!!