segunda-feira, 12 de maio de 2008

Masai em Riga




Arrefeceu muito e cairam alguns pingos de chuva.
Hoje à tarde, depois da formação, aventurei-me pelo mercado de Riga e pela primeira vez senti-me pouco seguro: é que a máquina que anda comigo dá sempre nas vistas e foram alguns os olhos que a "admiraram". Mas é fundamental conhecer os mercados locais para melhor conhecer as cidades que visitamos, e nada se passou. Algumas notas soltas:
.Os preços dos legumes e dos frutos estão marcados, não ao Kg mas às 100 gr. E que caras estão as coisas! Por exemplo, 100 gr de cerejas, custam 0,93 lats (pouco mais de um euro!). Não admira pois este é o país da U.E. com a maior taxa de inflação. Ainda hoje a BBC world noticiava exactamente isto: a Letónia continua com a inflação a crescer apesar de a já ter com valores elevados. Parece que os políticos, como bons políticos, têm dificuldade em estancar a subida crescente dos preços e estão preocupadíssimos em se governar. Resumindo, a merda é a mesma o que muda são as moscas. Os jornais falam constantemente em corrupção (isto disseram-me hoje, que ainda não sei falar letão). Verifica-se, com isto, a quase ausência de uma classe média e há muita gente que passa muitas dificuldades. Há bastante gente alcoolizada e a dormir nos parques. Não na old Riga como lhe chamam, a parte mais turística. Mas entrando um pouco mais na cidade real é bastante a miséria que se constata.
.A paranóioa pelas marcas é tão grande que vi, não uma, mas duas senhoras de idade a venderem...sacos de plástico (vazios, só mesmo o saco) com as inscrições da Boss, da Gucci, e outras quejandas.
.A maior animosidade que encontrei por aqui foi de duas condutoras de Trams (os eléctricos locais). Quando me aproximei, em alturas diferentes, de mão estendida a pedir o meu bilhete, recebi uma série de impropérios em língua báltica que desconfio saber qual é. O erro foi meu que devia saber que não devo estender a mão, mas antes colocar a moeda numa espécie de cinzeiro para o efeito. Isso tudo sem proferir qualquer palavra. Não sei se o que as irritou mais foi o gesto da mão estendida, se o que lhes disse numa língua que não é a delas. Lição aprendida.
.Ainda as flores: reforço que pode faltar dinheiro para muitas coisas mas não para as flores. Hoje, num parque, passou por mim um indivíduo de calças justas e pretas, botas à Doc Martens, blusão de pele de cor negra, orelhas com aqueles piercings que as transformam em auriculares à Masai, e uma singela rosa encarnada, na mão.


1 comentário:

Carlos Lopes disse...

Boa crónica, amigo. Amanhã há mais? Para a próxima leva uns sacos do Pingo-Doce que pode ser que faças negócio.

Um abraço.