quinta-feira, 20 de março de 2008

Os fundamentalistas de Rousseau

O bullying não é fenómeno novo mas é fenómeno crescente. Nada de novo por aqui. O que vai sendo novo é o extravasar deste conceito de violência. A cena filmada hoje em que uma aluna histérica tenta, por meio de violência, retirar o telemóvel que indevidamente utilizara na aula e que por isso lhe havia sido confiscado, é um retrato de uma das muitas realidades da nova escola. Diria mais, é um retrato pouco fidedigno pois cenas muito mais graves e com mais violência acontecem todos os dias tendo os professores como vítimas.
Segundos depois de a SIC transmitir as tristes imagens, surgiu no telejornal da estação, uma senhora, pedopsiquiatra de profissão, a tentar explicar a cena. Diz-nos a senhora que "às vezes os adolescentes vêem o telemóvel como um prolongamento do seu próprio corpo". Não disse mas deixou implícito que a professora não deveria ter actuado daquela forma. Repito, não disse mas também pouco disse acerca da professora só se referindo à aluna. É sempre assim. É a cultura do agressor que é vítima. Sempre. A aluna, vítima, é carente de compreensão. A aluna foi desrespeitadora mas decerto terá motivos para isso e há que procurá-los. A professora é que agiu mal ao tentar cumprir o seu papel e ao exercer a sua profissão. Entretanto, a nova escola afunda-se no lodo da falta de regras, da falta de respeito por normas, valores e princípios.
A esta hora a professora estará num estado profundo de depressão e tristeza pela situação que viveu. Já a aluna deverá estar no café onde será a estrela e a protagonista da noite. Em festejos.
Desde há muito que digo: são muitas as causas do péssimo estado da educação mas todos estes senhores pedopsiquiatras mais as suas teorias neo-evolucionistas têm uma enorme quota parte de responsabilidade na matéria. Eu, a alguns de cabelo à banda e voz mansa, não deixaria os meus filhos nem um minuto sozinhos quanto mais ouvi-los para reformular currículos ou o que quer que fosse que envolvesse formar pessoas. Mas isto sou eu que digo usando a cabeça que é o prolongamento do meu próprio corpo.

1 comentário:

Carlos Lopes disse...

Pois é! Mas dão-lhe tempo de antena. Refiro-me ao senhor da voz mansa e olhar tímido. Já não bastava o outro do norte que percebe muito de sexo e que se recosta nos sofás como se fizesse parte deles.. Que merdinha de país este em que as opiniões são formadas por gente sinistra...

E depois, "sinistra" rima com "ministra"...
Estamos mal.