segunda-feira, 17 de março de 2008

Crise com dia marcado


"Dia 28 de Março, se tudo correr como previsto, tem início uma nova crise entre o Ocidente e o mundo islâmico. Geert Wilders, um político de direita holandês, é o responsável do incidente, que começará quando for exibido o seu filme Fitna (www.fitnathemovie.com), provavelmente no youtube. Ao que se sabe – por enquanto ninguém o viu – o filme apresenta o Corão como instigador das piores práticas e Maomé como um fascista. As reacções são as previsíveis: ameaçadoras. Há promessas de ataques às tropas da NATO no Afeganistão, há uma visita de um ministro holandês à Somália que foi cancelada e há, ao que dizem, um plano montado pelo governo de Haia para evacuar as missões diplomáticas holandesas em países islâmicos. 
Apesar do medo generalizado – segundo se diz Sarkozy prometeu ao Governo holandês todo o apoio em caso de escalada do conflito – também tem sido declarado que não pode haver censura e que Wilders é livre de pensar, filmar e exibir o que quiser. Mesmo que isso insulte os sentimentos dos islâmicos. Os cristãos europeus, por exemplo, já viram a sua religião e o seu Deus retratados das piores formas pelos artistas ocidentais e, melhor ou pior, vivem com isso. Claro que há um limite – o do racismo e da xenofobia – que a nossa civilização não aceita, mas para além desses, é difícil encontrar uma fronteira intransponível. Para além do medo, e esse é um dos problemas. O Ocidente quer preservar os seus valores – e a Liberdade é um dos mais importantes – mas também quer, pura a simplesmente, preservar-se. E isso implica evitar pôr-se a jeito de bombistas e outros terroristas. Nesta tensão, o ponto de equilíbrio talvez fosse possível se o Ocidente encontrasse, do lado de lá, gente com quem dialogar. O verdadeiro desafio é esse: descobrir os moderados islâmicos com quem construir pontes. É isso que não temos sabido fazer. Mas é fundamental."
Henrique Burnay lido no Meia Hora de 10.03.2008 Aqui

1 comentário:

Carlos Lopes disse...

Já sabia disto. Esperar para ver é o que nos resta...