quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Alfie no Maria Matos


(perdoe-se o início cheio de anglicismos mas o senhor em questão vem de terras da Grã-Bretanha e leva a coisa muito a sério) 
Neil Hannon, dandy, compositor, cantor, songwriter e entertainer ("I entertain people. That's what I do"). Chapéu de coco, fato completo, pasta e cachimbo. Assim se apresentou ontem no Maria Matos, a alma do projecto Divine Comedy. Espirituoso e gozão ("Well, Greece comes first; Ireland, in second; and…" disse, ironizando esta crise endémica, na introdução de "The Complete Banker"), intercalou o piano com a guitarra. E foi no piano que teve o momento alto da noite com "Our Mutual Friend".  Curiosamente, gostei mais de o ver (e ouvir) com a guitarra mas percebe-se que é no piano que está mais à vontade. Quando pegou na guitarra disse que estava um bocadinho bêbado e que se devia responsabilizar o seu amigo português Rodrigo Leão ("Blame Rodrigo")! Mesmo assim, com um ou outro engano com a palheta, destaque-se o magnífico "A Lady of a Certain Age" ou "Becoming more like Alfie", tocado e cantado com um sentimento que, por vezes, no concerto, se perdeu no meio do seu sentido de humor, este sim, sempre presente. Recorreu a um alinhamento ligeiramente diferente daquele que consta do seu mais recente registo ao vivo - "The Divine Comedy-At Somerset House" -  recuperando temas mais antigos ("Generation Sex", ...) e até a uma surpreendente versão de "Don't You Want Me" dos Human League (em contrapartida, "Blue Monday" dos New Order ficou de fora em "Indie Disco"). Na primeira parte esteve uma loiríssima Cathy Davey. Irlandesa (também), dona de um timbre vocal muito bonito mas ainda com um longo caminho a percorrer. Valeu pela presença e pelo tema em conjunto com Neil Hannon.
Foi uma bela forma de transformar, de alguma forma, o sentido de uma agitada e fria terça-feira. A companhia foi magnífica e ficou apenas a faltar "If…".

1 comentário:

Carlos Lopes disse...

Começando pelo fim, faltou If, de facto. Mas The Frog Princess (que julgo não entrar no disco ao vivo) foi uma grande surpresa. É engraçado como certas canções, ao serem despidas, ficam bem melhores. Acontece o mesmo com as mulheres, embora nem sempre ;-)

Grande concerto! Excelente companhia antes, durante e depois, naquele sinistro restaurante onde estavam, seguramente, mais de 30 graus! Enfim, uma noite merecida! Só é pena serem tão poucas assim.

Abraço musical!