quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O dono do nevoeiro

Imagem possível, via iPhone

Foi Domingo à noite mas só hoje encontro alguma disponibilidade para registar para memória futura. Falo do concerto do norte americano Bill Callahan, na Casa da Música. Perante as quase mil cadeiras da sala, todas com dono de espaço para o concerto, na companhia de um trio de músicos, (sentados... Bill em pé), desfilou temas seus e do colectivo Smog que lidera desde 1990.

Ao fundo, uma tela interpretava os sons e foi com a projecção de um sol que Bill surge com “The sing”, o primeiro tema do mais recente Dream River. Seguiram-se, do mesmo álbum, “Javelin Unlanding” e “Small Plane”, aquela que é, para mim, a mais bela faixa deste álbum. “Too many birds” (de Sometimes I Wish We Were An Eagle, de 2009), numa cadência mais calma do que o tema original, sem o violino, mostrou que aquela plateia conhecia bem os trabalhos do cantautor, tal a forma como aplaudiu os seus primeiros acordes. Seguiu-se “America!” e “One fine morning” do álbum Apocallipse, de 2011. Foi interessante verificar a evolução do autor neste alinhamento. Bill Callahan vive mais apaziguado com a vida mantendo, contudo, uma áurea de mistério que a sua voz de barítono acentua. De Portugal só pode dizer bem, relapso na visita e na apreciação do “bacalao”, peixe que aprendeu a apreciar (the saltiest of fish, quite delicious...). A imagem ao fundo mudava e novo tema aparecia. No magnífico “The drover” discorre sobre a dor do ponto de vista de um solitário e desiludido cowboy (“But the pain and frustration is not mine/It belongs to the cattle through the valley”). O público correspondeu com a maior salva da noite. O tempo passava e ouviu-se “Spring” e "Please send me someone to love" ("…if it’s not asking too much"), uma versão de um original de Percy Mayfield (1949). Linda de morrer e o prenúncio de um fim que não tardaria. Houve ainda tempo para “The seagull” e aquele que foi, para mim, o mais belo momento da noite: "Dress Sexy at My Funeral", um original Smog de 2000, numa cadência tão lânguida e continuada, que me pergunto por que foge o tema original deste registo. O alinhamento oficial guardava ainda “Winter road” (Dream River) e "Rock Bottom Riser" recuperada de A River Ain't Too Much To Love (2005), só com Bill em palco, no seu regresso depois dos pedidos do público. Assim se encerrou a noite. Ao fundo, na tela, a imagem de uma lua surgiu.

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