Vejo Mad Men, a série vencedora de treze Emmys e quatro Globos de Ouro, e reflicto sobre aquilo que nela me fascina. Sorvida que foi a primeira temporada, parto para a segunda com interesse renovado. E porquê? Julgo que a sua maior virtude é a de, ao regressarmos ao tempo da narrativa, sermos obrigados a pensar e a agir como aquelas personagens. Por isso, sempre que uma personagem age de forma inesperada ou bizarra, nós, os espectadores, pensamos sempre "Está bem…naquela altura as coisas aconteciam daquela maneira. Era mesmo assim". Sorrimos e seguimos em frente no exercício de nos formatarmos para aquela realidade. Sterling Cooper (a empresa de publicidade onde Don Drapper, o protagonista da série trabalha) funciona como um microcosmos daquilo que acontecia na Madison Avenue da década de sessenta. Um templo daquela modernidade. E isso é fascinante. Os almoços eram Martinis; as secretárias morriam por ter "um caso" com os copywriters (ou qualquer homem do escritório, na verdade); o sexismo era um conceito estranho embora nos entre pelos olhos adentro em quase todas as cenas; os homens, "legitimamente", enganavam as suas esposas; fumava-se em excesso e apenas "porque sim"; e a ideia de tecnologia passava ainda por objectos eléctricos em baquelite (a pré-história do plástico) de função e eficácia extremamente duvidosos. É exactamente isto que me fascina na série. Saber que há poucas dezenas de anos, as coisas, em muitos aspectos (não todos), eram complemente diferentes.
Se mais nada houvesse, espreitar um pouco a década de sessenta, com as suas virtudes e defeitos, seria motivo mais do que suficiente para me interessar por Mad Men. Percebo melhor como tudo se passou relativamente ao aparecimento e difusão de novos produtos como o tabaco, e à forma como a sua nocividade foi mascarada em nome de biliões de dólares e de uma ideia de glamour totalmente anacrónica nos dias de hoje. Entendo na perfeição o movimento feminista porque "tinha mesmo de acontecer". Observo com deleite aquilo que vestiam e registo como tudo mudou com o aparecimento do "pronto-a-vestir", invejando aqueles que usavam chapéus de feltro (o guarda-roupa é mesmo um dos aspectos mais interessantes da série). Revejo-me nos dilemas éticos de algumas das personagens bem como naquilo que sentiam e viviam. Ao mesmo tempo, interrogo-me sobre o futuro de Don Drapper; vou aos arames com Pete Campbell; e aguardo por ver aonde, os caminhos da ambição de Peggy, a levarão.
Se mais nada houvesse, espreitar um pouco a década de sessenta, com as suas virtudes e defeitos, seria motivo mais do que suficiente para me interessar por Mad Men. Percebo melhor como tudo se passou relativamente ao aparecimento e difusão de novos produtos como o tabaco, e à forma como a sua nocividade foi mascarada em nome de biliões de dólares e de uma ideia de glamour totalmente anacrónica nos dias de hoje. Entendo na perfeição o movimento feminista porque "tinha mesmo de acontecer". Observo com deleite aquilo que vestiam e registo como tudo mudou com o aparecimento do "pronto-a-vestir", invejando aqueles que usavam chapéus de feltro (o guarda-roupa é mesmo um dos aspectos mais interessantes da série). Revejo-me nos dilemas éticos de algumas das personagens bem como naquilo que sentiam e viviam. Ao mesmo tempo, interrogo-me sobre o futuro de Don Drapper; vou aos arames com Pete Campbell; e aguardo por ver aonde, os caminhos da ambição de Peggy, a levarão.
Se, ao seguirmos Mad Men, estamos a abrir um arquivo do passado, também estamos a deitar o olho a temas bem actuais e presentes. As agências de publicidade, os produtos que trabalham, e a realidade, serão hoje bem diferentes. Mas, não será o jogo da vida, muito semelhante?
1 comentário:
Bem, que bela analise a esta grande série. Parabens pelo blog que descobri sem querer. É um mundo de coisas belas. Voltarei.
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