domingo, 7 de março de 2010

Afrobeat no Porto


O espírito do Afrobeat esteve ontem à solta na sala Clubbing da Casa da Música, embalado pelo ritmo das baquetas do nigeriano Tony Allen e dos seus músicos. Devo muito a Tony Allen. Apontou-me caminhos que me levaram à descoberta de muita música made in Africa. Música e músicos. Muito graças à sua influência, descobri Manu DiBango (com quem trabalhou, também); Toumani Diabate (e a Kora, esse instrumento mágico); Baaba Mal; Mansour Seck; Ali Farka Toure e tantos outros. Foi ainda devido à música de Tony Allen que me interessei pela obra do incontornável Fela Kuti, seu mentor e inspirador. Teria perto de vinte anos quando tudo isto, quase em catadupa, me foi dado a conhecer. Foi uma ponta de meada. Impressionava-me e impressiona ainda, o ritmo cool daquela batida múltipla em fundo, a encostar-se a outros ritmos da mesma bateria. Ontem, a dois metros de Tony Allen, um senhor de setenta anos (!), tive oportunidade de observar como ele pega nas baquetas e, com a mão esquerda vai batendo na sua tarola colorindo o ar de sons com aquele ritmo permanente, ritmado, quaternário muitas vezes, enquanto a sua mão direita procura os outros ritmos. E tudo parece tão simples que assusta. No palco, os outros oito músicos que o acompanham, limitam-se a reverenciar os sons do mestre, acompanhando-o numa onda de melodias quase hipnóticas. Tudo num tom de enorme boa disposição. Vê-se que aquela gente que está no palco se diverte muito mais do que nós. "Let´s just groove together", disse aquele Senhor. E foi exactamente isso que aconteceu.


Sem comentários: