domingo, 26 de julho de 2009

Férias

Chegam finalmente as férias. Durante alguns dias respirarei ares dos Balcãs e brisas do Mar Adriático. Eslovénia, Croácia e Bosnia Hercegovina, via Itália, Para quem por aqui passa, deixo sinceros desejos de boas férias. Nas próximas semanas estarei longe de computadores, teclados, hubs, ratos e quase(!) tudo que seja tecnológico. Divirtam-se.

Até já.

Sobreviverei

sábado, 25 de julho de 2009

Sons de 2009

Foi preciso chegar a finais de Julho deste ano de 2009 para ouvir algo que realmente achei interessante. Tem sido um deserto musical, este ano. Passei por Grizzly Bear e Veckatimest (os Gomez vêm fazendo, desde 98, com "Bring it on", muito melhor); e Dirty Projectors com Bitte Orca (na década de 90, entre outros, o projecto Latin Quarter já fazia a fusão harmónica e melódica, quer dos instrumentos, quer dos sons africanos, com a cultura sónica pop). Nada de novo, portanto. E nada de particularmente interessante. Tem sido esta a realidade deste ano que, de ímpar, só tem o nove.
O que me chamou a atenção foi "Julian Plenti - Is skyscrapper" de... Julian Plenti. São dez temas com uma sonoridade que nos remete para a década de 80, ou não fosse o seu responsável, o frontman dos Interpol. Paul Banks é Julian Plenti no seu projecto a solo e seguirá comigo para férias.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Só os anjos não têm sexo

"Michael Jackson não queria ser uma criança; queria ser um santo. Ou um anjo. E os anjos, é sabido, não têm sexo."
Num texto claramente antológico (porque muitíssimo bem escrito), salta à vista a lucidez e o tom verdadeiramente neutro do autor, relativamente ao fenómeno Michael Jackson. O filósofo Bernard Henri-Lévy, no jornal i.

"Primeiro o horror dos objectos. Toda uma panóplia de máscaras, couraças, sombrinhas, objectos nómadas; uma bolha simultaneamente sufocante e hiper-oxigenada, enclausurada e sobreexposta, que funcionava como uma estufa e o preservava da grande contaminação das coisas. Não apenas dos vírus, dos germes, das bactérias. Mas da própria vida, vista como um germe; o acto de viver tornado bactéria. A matéria, os objectos, o ar que respirava quando se aventurava fora da sua querida Neverland; tudo se tornou fonte de infecção e de pestilência. Obsessão macabra, reino cadavérico. Os grandes dandies eram assim. Jules Barbey d'Aurevilly. Beau Brummel. Oscar Wilde e seu Dorian Gray. Tacões vermelhos para dançar pairando sobre um mundo de miasmas e humores. Maquilhagem e artifício para escapar ao De Profundis de um abismo de parasitas. Sem falar já de Baudelaire que, da repugnância que sentia pela natureza e suas proliferações monstruosas, tinha deduzido os princípios da sua estética, da sua ética, da sua política. Michael Jackson era herdeiro de todos eles. Michael Jackson, com os seus discos de vinil, o seu látex, a sua casa-mausoléu, os seus terrores profiláticos e também, claro, os seus entrechats de bailarino genial cercado de luz por todos os lados, foi o derradeiro desses grandes dandies. Acrescente-se-lhe o cuidado mórbido que, segundo parece, prodigalizava ao seu corpo. No fim, não morreu de overdose de medicamentos; morreu do desejo de inventar uma vacina contra a vida e de se inocular com ela. Depois, há os outros. Já não as coisas, mas os humanos, proximidade maligna e repugnante. A mera presença dos outros, seus odores, seus olhares imediatamente perscrutadores que eram sentidos como uma ofensa, uma ameaça, fonte e causa de toda a violência e dos quais apenas o vidro fumado dos óculos o protegia. Inferno? Sim, o inferno. Desta vez, um Jackson sartriano cujo paradoxo, entre outros, se tornou evidente no momento em que compôs "We Are the World". Nesse momento popularizou o "humanitário contemporâneo", ele que via a humanidade como um fracasso, os homens como feridas e a sociedade como um mal necessário, solução de compromisso obrigatória, resignação degradante que um artista aceita a contragosto. Esta reencarnação de Peter Pan parecia sinceramente pensar que os filhos eram gerados sem intervenção física.

Geração, corrupção... Desejo sem concupiscência... O que, no mínimo, demonstra o absurdo da caça às bruxas que lhe moveram nos últimos dez anos de vida. Michael Jackson não queria ser uma criança; queria ser um santo. Ou um anjo. E os anjos, é sabido, não têm sexo. E depois, por fim, há ele próprio. O seu corpo, o seu rosto, vistos como ameaças mais tremendas ainda, lugares de todos os perigos, inimigos íntimos e impiedosos que levariam toda uma vida a subjugar e aniquilar. Aí, uma vez mais, passa-se ao lado da aventura singular de Michael Jackson; interpretamos mal a louca metamorfose que imprimiu ao seu rosto; não compreendemos nada dessas operações cirúrgicas que se auto-infligiu repetidamente ao longo da vida se as reduzirmos a uma questão de pigmentação - raça, anti-raça, ódio de si próprio, mal-estar, inadequação. Basta olhar para as fotografias. Veja-se a epiderme cada vez mais branca, como que em cal viva. Repare-se no nariz reduzido a quase nada, nos lábios comidos a partir do interior, na estrutura facial estreitada qual máscara de Jívaro ou escultura de Giacometti. Examinemos de perto os traços fisionómicos emaciados, a pele retraída, os olhos encastoados no crânio como anéis no dedo de um esqueleto Consideremos essa redução - um filósofo diria essa epoché - de um rosto levado à sua (in)expressão mais simples. Não é o rosto a própria assinatura de uma pessoa? A sua verdade? A maneira de se expor e de se exprimir? A marca da singularidade de cada um, da sua preciosa unicidade? Claro. E é por isso que este terceiro capítulo, esta forma de tortura, de mortificação, de profanação e, em última instância, de apagamento do próprio rosto se deve ler como a derradeira estação de uma longa e terrível via-sacra. Quem chega a este ponto, optando por escapar ao reino das coisas e, depois, por sair das fileiras dos humanos e tornar-se um humano sem rosto, não tem já grande escolha. Ou reinventa o humano, tornando-se transumano e criando um organismo geneticamente modificado. Ou morre."

Bernard Henri-Lévy, Publicado em 08 de Julho de 2009, Jornal i

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Beck/Motorcade

Uma das vantagens de se ouvir Beck é que os seus temas, com o tempo, ganham outra vida. Este Motorcade, que surgiu via shuffle no meu iTunes, vai-me obrigar a "recuperar" The Information. Com todo o prazer.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Stop-motion

Clip elaborado apenas com a arte de stop-motion. Admirável!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

It's a Sony

Vale a pena ver como a Sony está prestes a mundar o mundo, reinventando o conceito de interactividade. Tudo será muito diferente (ainda mais), num futuro muito próximo.

Pontos nos is

Apetece-me fazer uma declaração de princípios: o jornal i é, neste momento, o meu jornal. Tem conteúdo sem ser em excesso. Sabe dosear a informação importante com trivia, de forma inteligente. Tem excelentes cronistas. Tem boas colecções agregadas (a mais recente, com a colaboração da gigante Wallpaper, acerca de algumas cidades do mundo, é irrepreensível). Veste o tamanho certo e é agrafado o que, para as praias (sobretudo estas do norte, sempre cheias de vento), dá um enorme jeitão. E ainda tem esta característica única: não é publicado ao domingo. Em contrapartida, as edições de sábado trazem uma revista graficamente muito interessante, com conteúdo apelativo acerca das diversas gavetas da sociedade, tornando-a, por isso, variada, dentro dos limites do tema. À revista chamaram "Nós, Portugal e os portugueses". Vou continuar com o i.

Moral decay

Pois... a mim também me faz muita confusão!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Música de elevador

A chamada "música de elevador" que durante anos foi da quase exclusiva responsabilidade de Gheorge Zamfir e da sua flauta de pan, tem novos protagonistas. À cabeça, o quase inaudível projecto intitulado Nouvelle Vague. São a mais recente, cantada e requintada forma de easy listening levado ao extremo. Aquilo que começou por ser uma boa ideia não passa, hoje, de um tortura para os meus ouvidos. Durante uma curta viagem de elevador até se tolera (mas isso tb acontecia com a flauta do romeno, com a vantagem das músicas deste serem instrumentais). Durante uma hora de esplanada, aquelas versões soft de grandes êxitos, tornam-se maçadoras e melosas. Volta, Zamfir, estás perdoado.