domingo, 31 de maio de 2009
Wilco em Braga
sábado, 30 de maio de 2009
quinta-feira, 21 de maio de 2009
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Prazeres
Luzes foscas
quarta-feira, 6 de maio de 2009
O voo de Bret e Jemaine
terça-feira, 5 de maio de 2009
Só para quem tem unhas
sexta-feira, 1 de maio de 2009
De cenas raras e belas
Window north Leeds by Chris Hooson
A ideia era cumprir aquilo que já há um tempo estava programado: assistir a mais um dos deliciosos showcase com que a FNAC brinda os seus clientes. Desta vez, a razão principal era a actuação de Old Jerusalem que pôde dar corpo ao seu último Two birds blessing. O previsto aconteceu sem que qualquer imprevisto acontecesse. Francisco Silva continua a passear a sua genialidade à espera que alguém repare naquilo que faz, sendo que aquilo que faz é muito digno de ser apreciado. O que não esperava era ter, nessa mesma noite de quarta-feira, o enorme prazer de assistir a um outro mini-gig. Sem esperar, estava à minha frente Chris Hooson, alma (grande) do projecto Dakota Suite que há alguns Outonos atrás me levou a passear em noites de melancolia. O slow-core que os Dakota Suite fazem, marcado pela guitarra e piano, surge das diversas crises de depressão da alma do seu líder. Chris só sabe lidar com este problema, compondo. Usa um intrincado esquema que envolve símbolos para o fazer, uma vez que não sabe ler ou escrever pautas. A razão por que esteve alguns anos sem publicar qualquer trabalho tem um nome, toca clarinete e já trabalhou com Chris: Joahanna Hooson. O nome de família faz adivinhar que é sua mulher, e durante três anos, a fazer fé no discurso directo de Chris, nada houve entre eles que justificasse novo mergulho na profunda depressão que o impele a pegar na guitarra e compor. Waiting For The Dawn To Crawl Through And Take Away Your Life data de Fevereiro de 2007 e admito que, desde aí a sua relação tenha melhorado. Admito mas não tenho a certeza. Ele, no entanto, mantém-se igual ao que sempre foi: desconcertante, sincero e raro. Relembrei velhas estórias de Chris e pude constatar o que sabia mas tinha esquecido. O fervoroso adepto do Everton esteve no Porto. Também esteve o adepto da Holanda em detrimento da selecção do seu país. Não sabe sequer onde vivem os seus pais mas julga que é algures no País de Gales. Isso não lhe interessa. Basicamente só lhe interessa a sua família e o Everton F.C., sendo que a ordem poderá não ser exactamente esta. A vida custa-lhe. Custa-lhe muito mas faz disso modo de vida, quando não está a tentar recuperar criminosos do foro sexual, a sua principal actividade. Custa-lhe que Joahanna se recuse ouvir todas as suas canções cantadas porque se assusta com as suas letras. Ela, que é a razão da sua música. Custa-lhe tanto que chora quando actua. E chorou no Porto. Eu vi. E ouvi-o dizer que toda a música se resume a um só nome: Tom Waits. Do resto destaca somente tudo o que a label ECM faz. Ouvi-o ainda dizer que não entende por que razão as pessoas o ouvem quando, para ele, a música que faz é pura terapia para os seus males. Não percebe como o consumo próprio possa interessar aos outros. Falou das suas fotografias (estavam a ser projectadas a partir do seu MacBook) e da próxima viagem ao Japão. Afirmou que é normal ter confrontos físicos com os elementos da banda, durante os seus concertos mas que, com os espectadores isso “é raro acontecer”. E disse que não entende como pode alguém trair quem ama.
Quando, no final, me dirigi a ele para que autografasse o seu mais recente trabalho, só me ocorreu pedir-lhe que não me levasse o João Moutinho. Sorriu e recomendou-me que o fosse ver amanhã, no Passos Manuel, no Porto. Na capa do seu disco recomenda-me que nunca use roupa vermelha, numa clara alusão aos clubes seus rivais na velha Albion! Desconcertante, complexo e raro.