terça-feira, 21 de junho de 2016

Aí está ele de novo. Que bom!

''Catherine the Great'' The Divine Comedy on Vimeo.

NOS Primavera 2016



Aqui ficam (e já bem atrasadas), telegraficamente, para efeitos de memória futura, as impressões deste NOS Primavera Sound 2016.

Julia Holter
Na quinta-feira a deambulação serviu para ver Julia Holter, Parquet Courts, Sigur Rós e Animal Collective. A grande surpresa (desconhecia totalmente) coube aos nova-iorquinos Parquet Courts. Os miúdos apresentaram um alinhamento clássico de duas guitarras, um baixo e uma bateria. O suficiente para mostrar um som cru, pleno de alma, a fazer, desde logo, lembrar os Pavement de Malkmus. Talvez por isso me tenham agradado tanto. Julia Holter tornou o sunset mais bonito.... Os Sigur Rós confirmaram a necessidade de uma paciência que há muito desapareceu, para aquilo que produzem. Coube aos Animal Collective a banda do “português” Panda Bear (Noah Lennox) terminar o primeiro dia do Festival. Às duas da manhã e com chuva morrinhenta a cair, a tarefa apresentava um elevado grau de dificuldade. Ainda assim, o som psicadélico foi sendo suficiente para entreter o público. Teve em “Floridada”, o tema que encerrou o concerto, o momento alto e foi pena que a seleção não tivesse recaído em temas mais conhecidos. Àquela hora era o que se esperava.
Animal Collective
A sexta-feira trouxe alguns dos momentos mais altos do festival. Ao pôr do sol, uns largos milhares de pessoas tiveram o prazer de assistir ao concerto comemorativo dos cinquenta anos de Pet Sounds, o álbum icónico dos The Beach Boys. Brian Wilson, o carismático líder da banda, foi o avozinho que vemos em muitos casas de família. Na pose, na roupa, no aspeto. A vida passou por ele. Isso é visível. Sempre que necessário, os outros elementos da banda saltavam em seu auxílio. Sobretudo quando cantava. O certo é que encheu o recinto de good vibrations sobretudo quando, em off topic, contornou o álbum e passeou pelos imensos sucessos da banda. 
Brian Wilson
As The Savages trouxeram o seu mais recente “Adore Life”, o segundo trabalho de uma banda que surge como resposta ao som do establishment. Jehnny Beth, mesmo magoada nas costas (disse ela), foi portentosa. E aquela baixista (Ayse Hassan)!!
The Savages
A noite, nos palcos principais, ficou entregue a P.J. Harvey e à dupla americana Beach House. Polly Jean esteve como sempre: competente, profissional, guerreira, teatral.  Parece-me que está a cantar como nunca, com a voz mais redonda e mais colocada. Uma delícia. É a segunda vez que a vejo e é a segunda PJ Harvey que vejo. Prefiro o primeiro registo: um som pós punk, mais rockeiro, menos polido. Os dois temas de “To Bring You My Love” foram, na minha opinião, os momentos altos do concerto. Foi interessante ver no palco dois monstros da música pop/rock: John Parish e Mick Harvey.  Serão eles os responsáveis pelo “novo som” de PJH o que não deixa de ser surpreendente atendendo ao percurso de ambos. Depois vieram os Beach House. A noite estava fria e dali não veio qualquer forma adicional de calor. De fora do meu alinhamento, porque atuaram em simultâneo com outra gente, ficaram projetos como Dinossaur JR, Mudhoney ou Tortoise.
O último dia trouxe os aguardados Car Seat Headrest, a banda do “miúdo” Will Toledo. Foi realmente impressionante ver tanta força e tanta qualidade num projeto composto por gente bastante nova. Eles, que devem muito do que são à internet (o site Bandcamp garantiu uma série de álbuns e no Spotify é presença assídua no topo das tabelas), mostraram uma rodagem de palco extremamente interessante e madura. O som lo-fi foi menos claro do que nos álbuns (não houve tanta distorção e era mais límpido) mas a batida e a alma estiveram sempre, sempre presentes, com os reefs de Will no recato do fundo do palco e um show constante do guitarrista Ethan Ives. Há muita qualidade no som que fazem. Já sabia ao ouvi-los e confirmei ao vê-los.
Car Seat Headrest
Seguiram-se os franceses Air. Surgem fora de tempo, e, por isso, a repetir um repertório que, ao vivo, perde graça. Pouco mais se pode dizer. Antes de Ty Segall and the Muggers tocaram os Explosions in The Sky. Ponto. Praticamente foi isso. Já Ty Segall deu um concertaço. O ideal para terminar estes três dias de música ao vivo.
Fica uma nota para a qualidade da organização. Já estamos habituados mas nunca é de mais (assim, com espaço) assinalar. Outra nota para um novo paradigma que surgiu com este festival: ao cobrarem 2 euros pelo depósito do copo de bebida, os problemas de sujidade do recinto e de acumulação de copos de plástico, pura e simplesmente ficou resolvido. Toda a gente anda com o seu copo e no fim só temos de ir buscar o dinheiro do depósito. Não tenho dúvidas que esta vai passar a ser a norma. Fica aqui, para memória futura.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Melodias que me fizeram...

Tom Waits - Chocolate Jesus (1999)

Lanegan sem circo

A falta de tempo impede um texto mais alargado relativamente ao concerto que Mark Lanegan deu no passado dia 29 no Tetro Circo. Ficam, ainda assim, palavras para o registo intimista, que, no caso, prejudicou o som final (que bem ia uma percussão!); o fascínio dos artistas pela belíssima sala bracarense; a viagem pelos diferentes trabalhos a solo do norte-americano (incluíndo algumas versões do álbum "Imitations"); a constatação da importância de Jeff Fiedler, um guitarrista superlativo; e a breve conversa final com o cantautor, com direito a autógrafo no vinil.

Mark Lanegan Band - "Floor Of The Ocean"

quinta-feira, 2 de junho de 2016