quarta-feira, 22 de julho de 2015

Melodias que me fizeram...

The Specials - "You're Wondering Now"  (1979)

sábado, 18 de julho de 2015

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Encantos


Dois eventos que já deviam ter espaço aqui e têm visto adiado o seu registo: os concertos de Cocorosie e de Lambchop.
O primeiro aconteceu no passado dia 6 deste mês na Casa da Música. As manas Bianca Leilani Casady ("Coco") e Sierra Rose Casady ("Rosie") apresentaram-se em palco com um alinhamento diferente do habitual na medida em que toda a secção rítmica ficou entregue a Tez, um beatboxer que desafia as crenças dos nossos olhos e ouvidos. O que se vê não é necessariamente o que ouvimos tal a quantidade de sons que Tez consegue produzir. O resultado é, no mínimo, de uma economia a toda a prova na medida em que a sua versatilidade basta e evita não só outros elementos da banda como outros instrumentos. Foi apenas mais um elemento de um tempo em que todos os que assistimos fomos transportados para um mundo de fantasia e de faz-de-conta. Os sons de brinquedos, a roupa das intérpretes, o repertório, tudo ali faz sentido mesmo que esteja anos-luz do que se vê e ouve na,  tantas vezes madrasta, realidade. Foi neste ambiente misterioso, entre o circense e as linhas de Lewis Carrol que os temas foram surgindo. O mais recente "Tales Of a Grass Widow" (aguarda-se o sucessor lá mais para o fim do ano) teve particular atenção mas "La maison de mon rêve" e "Grey Oceans" (pena a versão de Lemonade: com tempo diferente não soou nada como deveria ter soado) foram também recordados. O feitiço terminou ao fim de duas horas e três encores. O público, esse, a pedido da banda, levantou-se e terminou a dançar junto das feiticeiras. Sierra, a mana "Rosie" terminou completamente encantada. Eu também!



Já este domingo, os norte-americanos Lambchop tocaram em Vila do Conde, no encerramento do Festival Internacional de Cinema de Curtas. A primeira parte do espetáculo aconteceu em formato filme-concerto, com os Lambchop a musicar um filme de Bill Morrison. A experiência foi interessante e resultou em pleno. "The dockworkers dream", o filme de Morrison, baseou-se em imagens de arquivos de filmes portugueses das décadas de 10 a 30 do século passado. O filme valeu sobretudo pelo valor intrínseco das imagens e menos pela montagem que sofreram. A meu ver,  neste capítulo, o resultado é.... sofrível. Na segunda parte do concerto, a banda de Kurt Wagner apresentou-se no registo habitual, sem sobressaltos de maior (!) e com a rodagem de um relógio suiço. Iniciaram em Vila do Conde uma tourné europeia. Foram eficientes e profissionais. Os seis elementos em palco não falharam uma nota ou deixaram espaço para o improviso durante a atuação. Esse ficou a cargo de algumas conversas entre os elementos do grupo entre faixas. O único senão foi a guitarra de Kurt: das duas que tocou, a sua magnífica Gibson L7 de 1947 quase não se ouvia. Houve reclamações do público mas a resposta de Kurt foi "Looks fine to me"" e assim se passou todo o concerto. A coisa fez menos mossa do que podia ter feito porque o silêncio era total e ouvia-se, ainda assim, o som não amplificado da guitarra mas podia ter sido ainda bem melhor do que foi. E o que se ouviu foi absolutamente maravilhoso. De "Nixon" a "Is a Woman" (o melhor trabalho da banda, para mim), sob a batuta invisível de Kurt, as baladas foram-se sucedendo até terminarem com uma inesperada cover de "Young American", um original de David Bowie. Se calhar não é fácil gostar-se da música dos Lambchop. Às vezes, tanta lamechice pode cansar. Não foi nada o caso. Sempre fui admirador e agora mais ainda. Venha o próximo trabalho deste projeto que está quase a entrar nos trinta anos de idade.

Lambchop

segunda-feira, 6 de julho de 2015

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Não digas nada!


Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender –
Tudo metade
De sentir e de ver…
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada…
Mas ali fui feliz
Não digas nada.

Fernando Pessoa